Comentário do Pai de Santo

Os Orixás na Umbanda são reverenciados por todos os seguidores.

As imagens que temos dos Orixás tem origem nos nossos irmãos africanos que os desenharam e posteriormente lhes deram imagens de gesso.

O umbandista cultua os Orixás e os aceita em suas formas desenhadas pelos homens, mas os Orixás, não tem forma definida como entendemos, os Orixás são “seres espirituais de elevada envergadura” e nenhum homem jamais os viu, desta forma, eles não tem forma do modo como compreendemos, portanto, não há como defini-los com formas, da mesma forma que não temos como dar uma forma para definir a Deus nosso Pai.

As imagens a seguir são usadas “apenas” para apresenta-los aos homens.

Muita polêmica existe em relação aos Orixás, bem como, em relação as formas de cultuá-los e na África foram e são deuses dos povos de diversas nações. Nossos irmãos africanos possuiam Orixás praticamente para tudo. Com a chegada dos escravos africanos no período colonial, juntamente com eles vieram os seus cultos, seus rituais e dogmas.

Mas quem são os Orixás?

Os Orixás são formas espirituais de elevada envergadura, são seres que nunca nasceram na Terra e que colaboraram inclusive na formação do próprio planeta. Foram captados por todas as civilizações de nosso planeta independente da educação de uma civilização para a outra.

Como exemplo, nossos irmãos africanos deram o nome de Iemanjá para a divindade das águas, já os nossos índios deram a mesma divindade o nome de “Iara” que em Tupi-Guarani significa “deusa das águas”.  Na Antigüidade os gregos captaram a mesma divindade, porém, na forma masculina e lhe deram o nome de Poseidon ou Netuno. Se nossos irmãos africanos deram ao responsável pelos trovões o nome de Xangô, os nossos índios o chamaram de Caramuru. Desta forma, não é importante o nome dado a essas formas de elevada envergadura, a importância recai apenas no fato de que são seres criados por Deus para ajudarem o homem, mas o homem em sua insanidade desenvolveu cultos que nada tem em comum com esses elevados seres.

Os Orixás na Umbanda não são cultuados com oferendas, desta forma, entendemos que os Orixás não comem e não bebem, como vemos em despachos nas cachoeiras, nas matas, etc.

A prática de dar comidas, bebidas e sangue aos Orixás, tem origem nas senzalas devido aos maus tratos que nossos irmãos africanos recebiam do branco colonizador e em forma de revide a esses maus tratos, praticavam a milenar (e poderosa) magia africana trazida ao Brasil no período colonial com os pólos invertidos, transformando a magia positiva em negativa o que é conhecido na atualidade como despacho.

Em meio aos escravos não vieram apenas os plebeus, entre eles vieram também reis, príncipes, sacerdotes e feiticeiros.

Ao Brasil chegaram aproximadamente 60 Orixás, o Candomblé cultua perto de 18 Orixás (existem muitas variações de uma nação para outra) e a Umbanda cultua 10 deles.

O Candomblé, também conhecido como culto de nação, tem seus dogmas fundamentados nas forças da natureza e no culto primitivo aos Orixás desenvolvido nas senzalas que envolvia o sacrifício de animais, por essa razão adotam esses procedimentos.

Importante:

Muitos atacam o Candomblé devido aos sacrificios de animais e ninguém tem esse direito. Todas as religiões possuem “dogmas” (Dogma = Ponto fundamental e indiscutível de uma religião). Dentro dos dogmas do Candomblé os sacrificios fazem parte de seus rituais e devem ser respeitados por todos.

Vamos raciocinar:

Muitos criticam o sacrificio dos animais no Candomblé, mas ao mesmo tempo se alimentam de carne, isso sim é hipocrisia!

E no Candomblé a carne dos animais é depois também consumida por seus seguidores, tal qual fazemos em nossas casas, restaurantes, etc.

O que é moral em uma sociedade, pode não ser em outra, se no Brasil consumimos carne bovina, na India esse consumo é um sacrilégio. 

No Brasil temos grande afeição pelos cães, em Paises orientais como a Coréia os cães são consumidos como alimento e sua carne é vendida nas feiras e mercados, tal qual ocorre nos açougues do Brasil com a carne de outros animais.

No Brasil temos também grande afeição pelos cavalos e no Japão a carne dos cavalos é muito apreciada e consumida.

Portanto, antes de criticar é necessário entender e respeitar a fé de seu próximo, o que para alguns é anormal, para eles é perfeitamente normal.

A forma de cultuar aos Orixás na Umbanda difere da forma como são cultuados no Candomblé e vice-versa. Pode-se dizer que o único fato comum entre os cultos são o nome do Orixá, seus desígnios e alguns de seus “fetiches”1.

1. – Fetiche = Instrumento sagrado de um Orixá, através do qual o Orixá pode ser pressentido ou representado no plano físico. Como exemplo; a espada está ligada e representa Ogum, a machada representa Xangô, a flecha representa Oxossi, etc. Na Umbanda, alguns fetiches não tem origem africana, como exemplo; a cruz representa Oxalá, a cruz com degraus representa Omulú, o pentagrama representa Oxum, a âncora representa Iemanjá, etc. Dai a necessidade de compreensão das diferenças entre os dois cultos.

Se o Candomblé cultua aos Orixás com comidas de Santo, a Umbanda não as aceita por termos principios e dogmas diferentes, esses principios foram e são ensinados pelos Guias de Umbanda.

O Candomblé sacrifica animais em seus cultos e consagram esses sacrifícios aos Orixás e a Umbanda não pratica e não aceita em hipótese alguma qualquer tipo de sacrifício com animais ou qualquer outro sacrifício que envolva ou não os animais. 
Desta forma, a Umbanda e o Candomblé seguem com seus rituais e nossas linhas nunca se cruzam.

O problema que gera a confusão é que todo terreiro que se diz de Umbanda e seus dirigentes permitem o sacrifício de animais, deixam claro que esse templo não é de Umbanda. Essa conduta deve-se ao fato de que no passado o Pai de Santo normalmente sem a missão sacerdotal, foi buscar conhecimentos necessários para conduta de um terreiro no Candomblé, já que os Pais de Santo de Umbanda, não ensinam esses conhecimentos a qualquer um, ensina-os apenas àqueles que iniciarão como dirigentes de um novo templo a pedido do plano espiritual superior. Qualquer Pai de Santo sem a missão sacerdotal (missão que vem do seu berço) que recorra aos dogmas do Candomblé, implantará a camarinha, a raspagem, a catulagem, as comidas de santo e os sacrifícios de animais e para esses terreiros, recentemente se tem usado o termo “Umbandomblé” para designar o terreiro que não é de Umbanda e também não é Candomblé. O termo é pejorativo, já que esse terreiro não é nem uma coisa nem outra e o fanatismo por lá impera.

Nesses terreiros, às vezes existem cultos que são divididos, de forma que em um determinado dia de trabalho se diz praticar Umbanda e em outro dia pratica-se Candomblé. E em casos mais graves as duas formas de culto ocorrem no mesmo dia.
O pessoal que pratica o Candomblé com seriedade de culto, não aceita essa situação e caçoa dos terreiros com essas práticas.  No Candomblé verdadeiro, os cultos são direcionados de forma a se cultuar os Orixás, que seus praticantes chamam de “encantados”.
Os espíritos que comparecem aos cultos de Umbanda, como os caboclos e os pretos velhos, no Candomblé são chamados de “Eguns”, que significa espíritos dos mortos. Se acontecer de um caboclo baixar num terreiro de Candomblé verdadeiro, ele será enxotado de lá com severidade.

O Candomblé cultuado com seriedade de culto não aceita a Umbanda e a quer longe de seus cultos e vice-versa. Sabemos que a intenção dos dois cultos, não é desmerecer um ao outro, simplesmente o Candomblé não aceita nossos dogmas, como também não os aceitamos em seus dogmas, devido as enormes divergências que existem entre os dois cultos.  Tanto as pessoas do Candomblé, como as da Umbanda desejam ardentemente a distinção entre os cultos, já que aquilo que é praticado em um culto, nada tem em comum com o outro, de forma que se chega a abominar certas práticas em ambos os casos.

A confusão na cabeça das pessoas ignorantes ao que praticamos se faz devido ao uso de diversos fatores semelhantes nas duas religiões, como exemplo, os atabaques, as roupas brancas, as guias que usamos, etc. Esses fatores é que permitem a confusão. Por serem parecidos, mas não semelhantes, dão a idéia ou impressão que são a mesma coisa, quando na realidade não o são.

Conhecemos muitos terreiros de Candomblé e lemos muita coisa a respeito do culto e não as aceitamos, da mesma forma que um seguidor do Candomblé poderá ler o que escrevemos e divergir de tudo o que relatamos. Nossa intenção não é desmerecer as praticas do Candomblé, simplesmente não as aceitamos, porque a Umbanda não as aceita.  Todas as igrejas e seitas possuem bons e maus seguidores, bons e maus praticantes e bons e maus dirigentes.

O Candomblé segue normas e princípios distintos e seu culto é regido de forma hierárquica muito rígida. Essa hierarquia concede ao Pai de Santo de Candomblé, poderes ilimitados em relação aos seus adeptos e seguidores. No Candomblé somente ao Pai de Santo cabe transmitir as mensagens dos Orixás, dentro de um ritual de cantos e danças ou através dos búzios.

Na Umbanda isso não ocorre, já que os ensinamentos e emanações do Orixás são transmitidos ao seguidor umbandista através de nossos guias e protetores.
A explicação das diferenças dos cultos é necessária para que se possa compreender o que é a Umbanda e a sua moralidade. Se os Orixás estão presentes na Umbanda, temos que aprender a cultuá-los como a Umbanda ensina e não como os mal preparados, sem a missão sacerdotal a praticam, por terem ido buscar conhecimentos em culto totalmente oposto as praticas de Umbanda.

Na realidade os Orixás são hoje em muitos terreiros, cultuados de forma totalmente deturpada, a falta de preparo desses maus dirigentes, fazem hoje dos Orixás, seres que só aceitam ajudar os homens se beberem o sangue de animais sacrificados.  Os rituais de sacrifício praticados sem base e conhecimento, só permitem a vampirização do sangue dos animais, feitas por espíritos que erradamente se dizem ou são chamados de exus. O umbandista entende que os Orixás não bebem sangue e não sentem fome, desta forma, não necessitam de alimento, portanto as “comidas de santo” são desnecessárias no ambiente umbandista.

O Orixá dentro de sua linha vibratória influencia seus mensageiros espirituais, que são por nós conhecidos como Guias de Umbanda. Esses espíritos Guias incorporam nos médiuns durante os trabalhos que são realizados em nossos templos e transmitem desta forma, seus ensinamentos, sentimentos, leis e emanações, sem a necessidade de oferendas e obrigações.

A força que os Orixás possuem é imensa, para melhor compreensão, imagine o Orixá conhecido como Oxossi. Na Umbanda Oxossi é o senhor das matas e praticamente o senhor de todos os caboclos, constatamos em todos os terreiros que visitamos, que o respeito que todos os caboclos tem por Oxossi, é imenso. Ele é conhecido também como o Orixá caçador, mas não de animais e sim, de almas (o catequizador).  Sendo as matas os seus domínios, ele na realidade é a própria mata, em toda a sua força e grandeza, capaz de gerar a vida, mantê-la e protegê-la dentro das matas. Essa força em toda a sua magnitude, não pode ainda ser compreendida pelo homem, podemos apenas pressenti-lo, através de seus fetiches e do que aprendemos sobre ele, sobre o seu grande conhecimento, aliado a sua imensa força espiritual.

Um ser humano pode assim ser dividido:

Espírito – Perispírito – Corpo físico

Espírito é o ser indivisível, não material e imortal, criado por Deus. Os caboclos dizem que um espírito é como se fosse uma palavra de Deus, que Ele nunca repete. Portanto somos únicos, não existe um espírito igual a outro, podem ser parecidos, mas nunca iguais. 

Perispírito é o envoltório fluídico de um espírito e, é matéria não perceptível aos nossos olhos. O espírito desencarnado pode dar a ele mesmo, a forma que desejar, através do perispírito. O perispírito vibra num campo conhecido como astral.
E corpo físico é o seu envoltório material, no qual habita um espírito em sua jornada pelo nosso mundo. Desta forma, podemos dividir o ternário acima, da seguinte forma:

Mental – Astral – Físico

Os Orixás agem nos campos mental e astral, emanando Deles sentimentos e leis, que refletem no plano físico através de seus enviados, por nós conhecidos como guias de Umbanda. Um guia uma vez incorporado em seu médium, transmitirá os ensinamentos oriundos dos Orixás aos seguidores umbandistas.

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