Comentário do Pai de Santo 

As praias, rios, lagos e cachoeiras, por sua característica vibratória, devolvem tudo que junto a esses locais seja vibrado, mesmo que essas vibrações sejam negativas. Isso também indica que o infeliz que comparecer a esses locais e lá desejar o mal de alguém, receberá de volta e imediatamente, tudo aquilo que vibrou ou pediu contra o seu próximo.

Nesses locais podemos fazer pedidos que necessitem de urgente resposta, tais como aqueles ligados a doenças ou enfermos. O retorno de Iemanjá e suas falanges é rápido, porém não são duradouros, ou seja, a obrigação terá que ser refeita ou realimentada depois de certo período ou ainda refeita nas matas.

Se você nunca foi a Praia Grande/SP no mês de Dezembro, ainda não teve a oportunidade de presenciar as bandalheiras que nesse mês são praticadas em nome de Iemanjá. Lá podemos ver tudo (de errado) que é praticado em nome da Umbanda.

Os seguidores do Candomblé para lá também se dirigem com suas indumentárias e suas oferendas e nada temos a ver com esse procedimento, pois, como já foi citado, nada temos em comum com as práticas do Candomblé. Ocorre que muitos chefes de terreiro mal preparados, copiam esses rituais, objetos ou situações praticadas no Candomblé e as impõem em seus fracos terreiros, deturpando cada dia mais os rituais de Umbanda. Cito como exemplo o uso do Adejá, a sineta usada pelo Candomblé, no sentido de chamar o Santo na cabeça do médium, fato que nada tem em comum com a Umbanda, mas é amplamente usada em muitos terreiros de Umbanda.

Certa vez perguntei a uma pobre alma, que se dizia Mãe de Santo de um minúsculo e desorganizado terreiro, o porquê do uso do Adejá.

Ela simplesmente respondeu:
“É para chamar e afirmar o Santo”.

Aquela ignorante em rituais de Umbanda desconhece que na Umbanda não existe a incorporação dos ditos encantados ou Orixás do Candomblé e usava o Adejá porque aprendeu a usar a sineta com alguém mais errado do que ela.

Em matéria de mistificação e de vaidade, a praia fica cheia nas noites de Dezembro na Praia Grande e acreditamos que também em outros locais do Brasil. Vemos crianças participarem dos trabalhos e serem giradas até a tontura extrema, forçando uma incorporação que não poderá ocorrer em um ser humano com aquela idade, tendo em vista que o seu sistema mediúnico ainda não está desenvolvido o suficiente, fato que só tem inicio na adolescência.

Constatamos mulheres com vestidos azuis ou coloridos, que em nossa opinião são desconfortáveis nesses trabalhos; atabaqueiros e médiuns trajando camiseta regata e bermudas; caboclos com penachos e roupas reluzentes, mais parecendo que estão se preparando para um desfile de carnaval; bebidas a vontade espalhadas pelo chão; afirmações de pontos de exú na entrada dos terreiros, fato anormal, já que o correto é fazer as firmezas da tronqueira longe da praia; pessoas assando churrasquinhos e bebendo cerveja no local reservado aos rituais e, o que é ainda pior, durante os rituais.

E um sem fim mais de absurdos que lá são mostrados a leigos e ignorantes em relação ao que praticamos, bem como, a outros ignorantes e fracos de cabeça que se intitulam Pais de Santo, que ao verem determinado objeto ou prática em outro terreiro deturpado, também irão implantar nos seus, deturpando ainda mais os nossos rituais.
Quando o dia amanhece, temos então o desprazer de encontrar a praia imunda, cheia de garrafas de champanhe vazias, barquinhas de isopor, flores, cabelos, pentes, espelhos e toda uma parafernália de sujeira depositada na praia.

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